segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Os actores da "Manhã Submersa" - Miguel Franco



Miguel Franco desenvolveu o teatro na sua cidade natal. Recriou o Grupo de Teatro Miguel Leitão de que era director e encenador. A partir de 1950 com a apresentação, por todo o país, da peça Tá-Mar, de Alfredo Cortez, o Grupo de Teatro Miguel Leitão passa a ter um papel relevante na dinâmica do teatro amador em Portugal, salientando-se outras representações, entre as quais O Duelo de Bernardo Santareno (proibida pelo regime salazarista antes da estreia). Fez também dar a conhecer as obras de Gil Vicente, numa acção pedagógica e cultural por todo o País. Incentivou o teatro ao ar livre em festivais de verão,começando pala cidade de Leiria onde recriou ao modo vicentino A Farsa de Inês Pereira, que apresentou em espaços como o Castelo de Leiria, Claustro do Mosteiro de Alcobaça e Convento de Tomar. Criou no Ateneu Desportivo de Leiria, de que era director, um espaço de conferências a que chamou Sexta-feira à Noite, no qual intervieram entre outros Luiz Francisco Rebello, Bernardo Santareno e Rogério Paulo.Como dramaturgo,é considerado o elemento da dramaturgia histórica mais importante da década de 1970, na História do Teatro em Portugal, de Luiz Francisco Rebello. Da sua obra fazem parte O Motim, A Legenda do Cidadão Miguel Lino, O Capitão de Navios, Visita Muito Breve, tendo deixado várias obras por terminar, de que se destaca Leonor Fonseca Pimentel.Actor de cinema a partir da década de 1960, participou em mais de dez películas cinematográficas, como Crime de Aldeia Velha (1963), O Trigo e o Joio (1964) e Lotação Esgotada (1972) de Manuel de Guimarães, Domingo à Tarde (1966) de António de Macedo, O Cerco (1970) e Vidas (1984) de António da Cunha Telles, A Fuga (1976) de Luís Filipe Rocha, O Rei das Berlengas (1978) de Artur Semedo ou Manhã Submersa (1980) de Lauro António.A sua última entrevista para a TV foi feita por Jorge Listopad, a 19 de Fevereiro de 1988, na RTP1.Foi atribuído o seu nome ao Teatro Miguel Franco, equipamento cultural construído em 2003 na cidade de Leiria.
Wikipédia

Miguel Carlos Franco nasceu em Leiria a 14 de Abril de 1918.
Infância e adolescência passa-as entre a escola, o trabalho e o “ Terreiro”.
Nos seus contos-memória, sobretudo em “O Estroina” revive-se o ambiente da época:

- “ criançada “ à solta brincando aos circos na imitação da vida.

O Estroina-herói vem alegrar as ingénuas corridas, as richas, os sonhos das crianças a quem foram negados os colos tão cedo ainda!...

Miguel Lino é o sonhador dos circos. E as garotas, de olhos tímidos: o medo dos rapazes espreita em cada pedra, em cada esquina. Mas ousam partilhar as brincadeiras, as cantigas tão pudicas de então…

E os miúdos educados pelas mães soltam as diabruras, crescendo numa vida
De apostas sucessivas, fazendo-se Homens apenas sobre os seus próprios pés.

Da criança de 1918 sai este homem sempre à espera do dia seguinte.
Do circo e dos teatros de rua passa para o teatro amador, actividade em que se inicia em 1942.
Em 1950 funda o Grupo de Teatro Miguel Leitão de que é o principal dinamizador. Para a acção deste grupo amador pôde contar com o carinho e colaboração de amigos que a ele se chegaram numa vontade comum de levar teatro a todos os pontos do País.
Depois de Tá-Mar de Alfredo Cortêz e depois de conquistados vários êxitos, Miguel Franco repensa o teatro amador como modo de cultura e faz representar Gil Vicente com a Farsa de Inês Pereira em ambientes adaptados no Castelo de Leiria, Convento de Tomar e Mosteiro de Alcobaça.
È um intento de fazer coabitar os espaços e o teatro históricos.
Nesta linha e em substituição do Grupo de Teatro Miguel Leitão anteriormente extinto (1964) por “provincianas guerrilhas de opinião” Miguel Franco organiza, em conjunto com a Liga dos Amigos do Castelo de Leiria os “Festivais de Arte de Leiria” em 1972.
Falhado o projecto envereda definitivamente pela actividade cinematográfica, acedendo a convites formulados por Cunha Telles ( “O Cerco”) , por Manuel Guimarães (“ O Crime de Aldeia Velha” , Trigo e o Joio”, “Lotação Esgotada”), por António Vitorino de Almeida (“A Culpa”) por Lauro António (“ Manhã Submersa”) por António Macedo (“Domingo à Tarde”), etc.…
Como autor publica em 1964 “O Motim” ( do qual vem a desempenhar o seu último papel em 1986 como “juiz do povo” aquando da homenagem que lhe é prestada por “A Tela” de Carlos Fragateiro)
Mais tarde publica “ A Legenda do Cidadão Miguel Lino” **à qual é atribuído o “Prémio Almeida Garrett” pelo Ateneu Comercial do Porto, “O Capitão de Navios”. Prepara entretanto “Leanor da Fonseca Pimentel”, nunca terminada e recolhe projectos vários…
Em 1987, Jorge Listopad entrevista-o já doente na sua casa em Queluz já afastado da terra onde nasceu, a que tanto deu e que tanto o amargurou…
Morre em 19 de Fevereiro de 1988.

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